“…A análise torna-se mais ampla e desencadeia uma visão mais sistêmica das coisas, detectando fragilidades e permitindo intervenções que, na maioria das vezes, não seriam notadas.”
A cultura do campeão em nosso país traz consigo várias mazelas, quase impossíveis de serem tratadas no curto prazo. Estamos falando de um paradigma existente em nossa sociedade, que contamina a todos: torcedores, profissionais do esporte, críticos e, principalmente, a imprensa em sua maior parte.
A referência principal, é claro, passa a ser a equipe que alcançou a primeira colocação. Seus atletas e a comissão técnica passam a ser imitados e, igualmente, seus métodos de trabalho.
E a análise sobre o vencedor, que poderia ser rica e ampliada à diversos fatores, quase sempre é óbvia e unânime.
E a unanimidade não é burra, como diria Nelson Rodrigues. A unanimidade é míope… mas com certeza, nos permite enxergar exceções.
Uma equipe de jogadores bem treinados ou uma comissão técnica integrada e bem articulada são exemplos de unanimidade inteligente. Outro bom exemplo são os pedagogos do esporte, unânimes ao afirmar que o aluno (ou atleta) pode descobrir o prazer de aprender se for devidamente bem estimulado.
E quais aspectos poderiam ser analisados numa equipe que é referência por ter alcançado um título ou a primeira posição da tabela? Aspectos que permitam ir além dos números estatísticos e dos scouts técnicos do jogo e que efetivamente revele a qualidade do trabalho realizado?
Abaixo são apresentados 15 aspectos gerais de uma equipe de futebol, onde cada um é composto de parâmetros específicos e que podem ser coletados no dia-a-dia dos treinamentos e jogos. A análise de cada aspecto pode ser realizada periodicamente, de acordo com os objetivos da comissão técnica.
1. Qualidade Técnica da Equipe;
2. Condição Atlética da Equipe;
3. Padrão Tático de Jogo da Equipe;
4. Perfil Psicológico dos Atletas;
5. Coesão de Grupo – Consciência Profissional Coletiva;
6. Atitude dos Atletas nos Treinamentos;
7. Atitude dos Atletas nos Jogos;
8. Nível Geral de Performance da Equipe;
9. Índice (Ausência) de Lesões;
10. Infraestrutura de Treinamento;
11. Observação Técnico-Tática dos Adversários;
12. Política de Contratações de Atletas;
13. Relacionamento com a Imprensa (para a Direção);
14. Relacionamento com a Imprensa (Comissão Técnica e Atletas);
15. Grau de Cobrança Interna para a Qualidade.
A análise torna-se mais ampla e desencadeia uma visão mais sistêmica das coisas, detectando fragilidades e permitindo intervenções que, em sua maioria, não seriam notadas.
E muitas vezes, percebe-se que alguns aspectos são mais importantes numa conquista do que a somatória de vários outros juntos.
Quantas equipes campeãs alcançaram um nível de coesão tão grande que superou a falta de qualidade técnica de seus jogadores? Ou vice-versa?
E em quantas oportunidades a política de contratações de atletas causou impacto positivo na melhor classificação da equipe, mesmo com uma fraca infraestrutura para treinamentos? Ou vice-versa?
Essa é a beleza e a complexidade do futebol.